domingo, setembro 10, 2006

O QUE É QUE ABRAÃO FARIA?


O recente artigo de David Parsons para o boletim da ICEJ parece-me bastante elucidativo sobre a questão levantada não só pela guerra, mas pela ética da mesma. Passo a transcrevê-lo:

Não faltou quem fustigasse Israel por "destruir" o Líbano, ao entrar numa guerra "apenas" para libertar 2 soldados raptados. No entanto, a recente guerra entre Israel e o Hezbollah envolve certamente muito mais do que o destino de Ehud Goldwasser e Eldad Regev, tal como a "Operação Chuvas de Verão" levada a cabo pelo exército israelita em Gaza envolveu mais do que resgatar o soldado capturado pelo Hamas. A questão intrigante é se Israel entrou numa "guerra justa", especialmente à luz do fervor irlâmico. A questão tem a ver em último lugar com a natureza e o carácter de Deus tal como é revelado na Bíblia, em oposição ao de Alá no Corão. Dadas as monumentais diferenças teológicas entre o Islamismo, o Judaísmo e o Cristianismo, os esforços para o diálogo inter-religioso entre as "três grandes religiões" acabam por focalizar a atenção no grande patriarca Abraão, visto que o Islão reivindica esta figura magistral como origem, em comum com as duas outras fés bíblicas. Afinal - insistem os muçulmanos - Maomé e os povos árabes são também descendentes do "nosso pai Abraão" através de Ismael. Assim, e enquanto se tornou habitual para os cristãos perguntarem: "O que é que Jesus faria?", os círculos inter-religiosos preferem perguntar: "O que é que Abraão faria?" Até mesmo Jesus abordou esta questão no Evangelho de João, capítulo 8. Esta passagem das Escrituras surge para o povo judeu como uma das mais difíceis do Novo Testamento. Jesus está numa acalorada discussão com os fariseus sobre se eles estariam de facto a agir como filhos de Abraão. "Eles responderam e disseram-Lhe: Abraão é o nosso pai." Jesus respondeu-lhes: "Se vocês fossem filhos de Abraão, farieis as obras de Abraão. Mas agora tentais matar-Me, um Homem que vos tem contado a verdade que ouvi de Deus. Abraão não fez assim." (João 8:39-41) Em outras palavras, se a tua religião te leva a odiares alguém ao ponto de quereres matar essa pessoa, então não estás a seguir o caminho de Abraão. O grande patriarca hebreu teve o privilégio de receber uma revelação profunda e singular acerca do carácter e natureza imutáveis do Deus único e verdadeiro. Ele entendeu como devia andar humildemente diante d'Ele e o que significa agradar-Lhe pela fé. Mais ainda, a crença de Abraão em Deus nunca o levou a odiar outras pessoas ou a desejar matá-las, e jamais levantou a espada para espalhar a sua fé. De facto, Abraão só uma vez levantou a sua espada, e fê-lo para resgatar o seu sobrinho Lot e sua família que haviam sido raptados. Abraão foi resgatá-los e reaver todos os bens que lhe haviam sido roubados. Assim, dentro da perspectiva bíblica, "ir à guerra" para resgatar os aprisionados parece ser "justo". Abraão chegou a recusar o espólio dessa batalha quando lho ofereceram, tendo dito ao rei de Sodoma: "Levanto a mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, O que possui os céus e a terra, e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriquecí a Abraão." (Génesis 14: 22-23) Contrastemos agora o proceder de Abraão com o do Islão. A religião islâmica ensina que é imperativo espalhar a sua fé em Alá pela espada. Este é de facto o conceito da jihad. É realmente uma religião que ordena o ódio e a matança daqueles fora da sua fé. No Corão, Maomé também instruiu os seus seguidores que, como guerreiros santos de Alá, ser-lhes-iam atribuídos em exclusivo os espólios de guerra, prevenindo-se, como é óbvio, que um quinto do mesmo fosse entregue ao próprio profeta. Finalmente, e tal como temos dolorosamente aprendido nos últimos anos, a idéia islâmica do martírio pela causa de Alá é completamente oposta ao conceito judaico/cristão. Um lado ensina a buscar-se activamente a morte na tentativa de matar outros; o outro aceita passivamente a morte como forma de santificar o nome do Senhor. Como pode então alguém dizer que todos adoramos ao mesmo Deus? Shalom, Israel!

2 comentários:

Jorge Oliveira disse...

Olá Norm!
É bom encontrar amigos por aqui.
Parabéns pela iniciativa e blog.
Grande Abraço.
Jorge Oliveira

Jorge Oliveira disse...

Olá Norm!
É bom encontrar amigos por aqui.
Parabéns pela iniciativa e blog.
Grande Abraço.
Jorge Oliveira